A CENSURA
começarei contando sobre o ano de 2019, quando vi uma chamada na internet para um encontro/catalogação de performances que aconteceria no Rio de Janeiro.
Seria o momento ideal pra lançar de vez as ideias das performances abordando o HIV E A AIDS.
Resolvi ENVIar "COLETA I – É NECESSÁRIO PASSAR O FIO PELO BURACO DA AGULHA OU RENTE AO CORPO."
Uma performance/instalação semipermeável duracional, onde propus, ao som de Antônio Variações, costurar meus primeiros exames originais de testagem para o HIV com os resultados - reagente positivo, costurar minha certidão de nascimento original, algumas fotos que estavam guardadas em casa de alguns parentes que não sei os nomes, com uma dança fuleira e desconsertada, o corpo a mostra com uma jockstrap fio dental, alguns tecidos e linhas laranjas, uma agulha enorme e por todo o tempo que durassem as performances coletivas ali apresentadas.
Estava super animado, tinha terminado um relacionamento de 2 messes, logo após voltar de um mochilão de 7 messes pela América Latina E ter ENTREGADO uma performance encomendada para uma galeria no Chile.
O projeto EM.COITROS ainda não existia, na realidade ele tinha outro nome, o PORNO ZINE HOMO EROTIC, onde pude PARTICIPAR DE feiras E festas pornôs na Argentina, Uruguai e Chile. eu já falava desse corpo que vive com HIV com fotografias e algumas colagens da Série Todes es Santes.
bem... Recebi essa mensagem por e-mail do coletivo que organizava essa ação (por muitos motivos que logo vou DIZER) não quero citar o nome, nem do coletivo, nem das organizadoras.
Esse foi o e-mail RECEBIDO
Esse foi o e-mail RESPOSTA
Até aí tudo lindo e tudo de bom e ponto com. Cheguei no Rio de Janeiro dia 29/03/2019 fui de busão e fiquei em um hostel próximo à Praça Tiradentes que é do lado do HO – Centro de Artes Hélio Oiticica.
Dia 30/03/2019 – Chego bem cedo na praça, pra observar onde poderia REALIZAR a performance, que soube que aconteceria ali mesmo. Encontrei essa estátua “LIBERDADE” e faço essa foto no storY do insta pra divulgar o babado TODO.
Esse vídeo logo em seguida é uma instalação QUE CONtinha os nomes dos participantes e A CARTOGRAFIA DOS locais onde eles estaRIAM distribuídos na praça.
Era um clima super festivo, de encontros, muita disponibilidade e trocas artísticas. Relatei para as organizadoras do coletivo, que a minha performance tinha um conteúdo sexual nas entrelinhas e que eu estaria quase nu, e talvez não ficasse a vontade de fazer a performance assim na praça. Elas disseram que fariam uma barreira CORPORAL DE SEGURANÇA e sugeriram o banco verde para que eu ficasse mais protegido e mais próximo delas.
Iniciei a performance que duraria pelo menos umas 4 ou 5 horas. Ia costurando todas as paradas nesse banco, com a dança, os fios, as fotos e exames.
Por um momento percebo alguns policiais do outro lado da rua. Continuo meu processo e começo a raspar o cu no banco. Nesse momento uma das organizadoras vem falar comigo para “dar uma maneirada” porque os policiais estavam ali e elas não queriam que as outras ações fossem prejudicadas e PREZAVAM pela minha “segurança”.
Consegui executar mais uns 5 minutos da ação, depois de umas 2 horas ali. Fui interrompido pelas organizadoras pedindo que eu parasse a performance. Parei.
Naquele dia achei meio ruim, porém estava bem cansado, não tinha almoçado e estava muito calor então aceitei parar ali sem questionar muito.
Isso marca o primeiro ato da censura e logo vocês vão entender todo esse role com esse coletivo e organizadoras.
Deixo aqui o único registro em vídeo que tenho da instalação semipermeável (não terminada).
Bem segui a vida... E O ANO CORRIA, continuei os processos dos Em.coitros, fazendo fotografias e performances, uma exposição individual No Centro Cultural Casa da Luz em SP, Outra no Cabaret da Cecília e Uma EXPO coletiva também Na casa da Luz, As obras Visuais começavam a surgir, o Instagram, as performances. O BABADO IA TOMANDO FORMA.
Recebo um e-mail ME convidando para expor alguma obra relacionada ao trabalho apresentado em 2019, pedindo o envio da obra até o HO JUNTAMENTE COM os materiais pra coloca-la na parede.
Eu não recebi um centavo da prefeitura ou do coletivo, na verdade pelo que entendi estava todo mundo fazendo pelo gozo de fazer, aquela coisa babaca (DI GRÁTIS) que eu enquanto artista fiz para mostrar o trabalho e ter ele exposto em um museu Municipal.
Mandei a obra por correio gastei mais de 300 reais só COM isso, MAIS UM LOG DA CASA DE UMA AMIGA ATÉ O MUSEU, sem contar o custo da obra e todo meu trabalho que se relaciona com ela. O coletivo recebeu NO MUSEU, e tinha conhecimento da obra, pediram orientações de como coloca-LA na parede.
Pronto! trabalho colocado. A exposição abre para o público dia 15/02/2020 e iria até 28/03/2020.
AGORA O BABADO COMEÇA!
(vou ressaltar os que estiveram comigo desde o começo nesse processo todo e são elus: Paula Borghi, Fátima Aguiar e Christian Paredes, tiveram outres porém o maior auxÍlio de todo o processo do começo ao fim sem abandonar o barco são elus. Deixo aqui minha eterna gratidão por tudo que fizeram por mim e pela liberdade de expressão nesse país bizarro)
Em fevereiro de 2020 exibi um fragmento visual chamado “Todes es Santes renomeado #EuNãoSouDespesa” no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica – Rio de Janeiro/Brasil.
No dia 19 de fevereiro de 2020 o então Deputado Estadual e Inspetor da Polícia Civil, Marcio Gualberto do PSL - Partido Social Liberal (antes partido do presidente Bolsonaro) fez uma publicação em vídeo em sua página do YouTube / Facebook / Instagram, caminhando pelo espaço expositivo e mostrando em foco o meu trabalho visual dizendo:
“O que se vê aqui é um absurdo e um escárnio a fé cristã. Um ultraje aos símbolos religiosos e até mesmo a valores caros ao Presidente da República, Jair Bolsonaro. Isso é liberdade de expressão?”
O deputado disse ainda que procuraria os responsáveis da exposição e com esse vídeo se iniciaram os ataques ligados diretamente a mim.
(Eu não tinha visto esse vídeo, fui ter contato com ele por uma mensagem no instagram Do perfil oficial do coletivo que tinha convidado os artistas para a exposição. como DISSE OUTRAS VEZES "AO VIVO" E REPITO AQUI! A RESPONSAVÉL PELO H.O. E GRANDE PARTE DAS RESPONSÁVEIS DO COLETIVO CARREGAM ESSA CENSURA NAs MÃOs, FAZEM PARTE E FORAM CONIVENTES, A PARTIR DESSA MENSAGEM.)
(para esclarescer... desde o dia que me enviaram a mensagem pelo instagram com o primeiro vídeo do deputado visitando a exposição, por diversas vezes eu entrei em contato PELO TELEFONE pedindo respaldo tanto do coletivo e também da coordenação do ho. o que sempre ouvia era...
- isso não vai dar em nada!
- são só robôs!
- vamos esperar pra ver o que vai dar!
- curte o carnaval e depois a gente vê isso com calma.
Como disse antes, todas elas fazem parte dessa censura! e todo esse processo foi negligenciado. eu avisava: "gente tá crescendo, gente tô sendo ameaçado, gente não tô dando conta sozinho!"
No dia 21 de fevereiro de 2020 diversos meios de comunicação no Brasil e no mundo como: Carta Capital, Folha de São Paulo, Estadão, Select Art, CNN Brasil, Veja Rio, Metrópoles, Catraca Livre, UOL, O Globo, CADAL, Mapa das Artes, Infobae, Hornet, El Popular, entre outros, começaram a noticiar o caso, citando meu nome e por vezes com links das minhas redes sociais (tenho um dossiê impresso com 200 páginas de matérias jornalísticas de diferentes meios de comunicação sobre o caso e ao final desse texto tem todos os links)
Como todos os meios de comunicação divulgaram meu nome, comecei a receber ameaças pela internet no meu Facebook /Instagram / Email e até Whatssap como:
“Fica de olho onde tu vai andar nos próximos dias. Afundar seu crânio vai ser pouco”
“Se um dia Deus me der oportunidade eu mesmo te punirei, seu lugar já está reservado”
“Cuidado com o que você planta depois não adianta chorar e dizer que é viado você será cobrado pelo que fez”
“Desce a marreta, esse escárnio tem que acabar”
“Depois que sofrer um ataque na rua de alguém vai querer respeito”
“Morre logo cara o mundo não precisa de você com essa arte mesquinha e doentia”
“Aidético imundo. Assim que a aids te matar será lembrado pelo idiota que você foi.”
“Vamos esperar que você receba o retorno o mais rápido possível”
Entre esses insultos e ameaças estava a de um Policial Militar que trabalhava no mesmo bairro onde eu morava na Capital de São Paulo.
(abaixo alguns prints)
No dia 21 de fevereiro de 2020 saiu uma entrevista na rádio CBN onde o Capitão e Deputado Federal Paulo Teixeira do partido Republicanos juntamente com o Deputado Gualberto dizem que fizeram um pedido para que a prefeitura do Rio de Janeiro se explicasse sobre o porquê meu trabalho estava exposto em um museu municipal.
No mesmo dia o Deputado Márcio Gualberto e a então deputada Federal e advogada Chris Tonietto ambos do PSL – Partido Social Liberal publicaram outro vídeo dizendo que protocolariam a notícia crime na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância DECRADI e procurariam o Ministério Público Estadual para que eu respondesse na justiça acusado de crime de vilipendio religioso artigo do código penal brasiliero 208 e artigo 5° inciso 6 da constituição federal.
No dia 23 de fevereiro de 2020 O secretário de Cultura do Rio de Janeiro Adolfo Konder publicou um vídeo na página oficial da prefeitura no Facebook dizendo que eu seria oficiado para retirar a minha obra do centro cultural, onde posteriormente (28 de fevereiro de 2020) a Secretária Municipal de Cultura por meio da Notificação SMC nº 001/2020 suspenderia a visitação pública e notificaria que até o dia 02 de março de 2020 meu trabalho teria que ser retirado do espaço expositivo.
No dia 27 de fevereiro de 2020 o Deputado Estadual Márcio Gualberto publicou outro vídeo em suas redes sociais, dizendo que entraram com a notícia crime na DECRADI contra mim para que eu respondesse na justiça sendo acusado de crime de vilipendio religioso.
No dia 02 de março a emissora de televisão TV Cultura Litoral, fez uma publicação em vídeo no Youtube anunciando também a retirada da minha obra do museu. E dizendo:
“E tem gente que fala que isso é arte que isso é cultura? Isso é doença. Uma pessoa só pode ser doente.”
Fui no dia 02 de março de 2020 como solicitado, fui ao Rio de Janeiro no Centro de Artes retirar a obra. antes de entrar no museu parei para almoçar em um restaurante na mesma rua e um homem trajando a camisa com os dizeres “Bolsonaro presidente”, senta-se em uma mesa atrás da minha e fica me encarando de forma ostensiva, pouco tempo depois chega um segundo rapaz, trajado de preto e senta com ele e ambos seguiam me encarando, não me sentindo seguro fui em direção ao Centro de Artes e um desses homens me perseguiu até que eu conseguisse entrar no museu.
Retirei a minha obra em silêncio acompanhado por guardas municipais e pessoas que estavam presentes em nome da Secretaria de cultura do Estado do Rio de Janeiro. AS portas foram fechadas e as luzes apagadas.
Segue MEU relato feito no instagram ao tirar a obra:
“Hoje, dia 02/03/2020, eu, Órion Lalli,
autor da obra TODe eS SANTeS renomeado #EuNãoSouDespesa do projeto em.coitros - encontros eróticos de um corpo que vive com hiv, retiro minha obra em respeito aos demais artistas que estão expondo junto ao meu trabalho a partir do convite da LAVRA no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, afim de garantir segurança pessoal por estar respondendo a acusação do deputado Sr. @depmgualberto e da deputada Sra. @christonietto no DECRADI e no Ministério Público - crime sobre sentimento de vilipêndio religioso - e por meio da decisão de notificação de suspenção de visita pública documento 001/2020 da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro sob responsabilidade do Sr. Adolfo Konder. Peço aos responsáveis que REABRAM a exposição em respeito aos direitos e garantias fundamentais / liberdade de expressão / democracia / valores caros citados no artigo 5° da Constituição. #censuranuncamais
QUE ASSIM SEJA FEITO. AMEM.”
Como tinha acabado de ser perseguido fisicamente fui a delegacia de polícia mais próxima para registrar o ocorrido sobre a perseguição, onde descobri ser o mesmo lugar que os deputados abriram a notícia crime contra mim, o DECRADI. A polícia não quis fazer o boletim de ocorrência, mesmo havendo câmeras por toda a região e mesmo tendo testemunhas de que eu tinha sido perseguido.
Fui orientado pelos advogados da OAB Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro e dei meu depoimento na delegacia acompanhado da advogada Marina Rodrigues e Rodrigo Mondego, respondendo sobre a acusação de crime de vilipêndio religioso.
após prestar o depoimento realizei a performance de marcar essa censura na pele, com a grafia impressa na obra censurada tatuada no meu corpo.
E NÃO me senti mais seguro morando na casa no centro de São Paulo e me mudei para o interior da cidade.
Fui acompanhado por psicólogos da UNAIDS (Joint United Nations Programme on HIV/AIDS) após esse período, onde tive crises de pânico, tendo que ir por duas vezes ao hospital, não saia na rua com medo de que alguém pudesse me encontrar e me matar, como o caso tinha sido amplamente divulgado e sabendo do envolvimento da milicia na política nesse momento no Brasil e a relação direta dos deputados que me censuraram com a policia, ficava sem saber para quem pedir ajuda, pois foi o próprio Estado brasileiro que me perseguia.
Nesse período a organização Freemuse entrou em contato para fazer um artigo sobre censura em 2020 pelo mundo, e posteriormente me convidou para falar em um webinar do Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights (OHCHR). Eu disse que teria medo de que o caso viesse a tona outra vez pela situação política do Brasil porém concordei em participar.
Em 26 de maio de 2021 participei de uma mesa na ONU "Speaking Truth to Power: Religious or Belief Minority Artists, Voice and Protest" organized pelo Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights (OHCHR) and Danish organization FREEMUSE.
Alguns dias após essa fala as ameaças se intensificaram outra vez e uma mala pegando fogo foi colocada em frente ao meu portão queimando parte do muro e do portão.
No dia 08 de junho de 2021 colocaram um animal morto, outra vez, em frente ao meu portão e recebi também duas cartas escritas a mão em tom de ameaça.
Nesse mesmo dia, 08 junho de 2021 fui a delegacia de polícia mais próxima da minha cidade e consegui fazer um registro de ocorrência das ameaças que estava sofrendo e a partir desse dia o advogado da OAB de São Paulo, Carlos Eduardo me orientou a sair da minha casa e ficar em um local com mais segurança.
Entrei em contato com diferentes organizações e tive o auxílio e fiquei sob proteção da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB de São Paulo, ONU, Front Line Defenders, Freemuse e a Artigo 19, organizando a minha saída do Brasil e assistido por essas organizações em um local sob vigilância 24 horas, sem poder sair da casa.
Estamos vivendo uma série de assassinatos no Brasil a partir da ascensão do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro ao poder.
Ser incriminado, censurado e ameaçado de morte falando de um corpo gay vivendo com HIV em uma sociedade que nos invisibiliza e como certas reflexões são pautadas por um veto religioso em um país laico, mostra que a discussão está longe de ter uma razoabilidade. Toquei em uma ferida social e me faz refletir sobre sua importância na contemporaneidade enquanto fazedor artístico.
Um retrato do agigantamento do governo da morte, da morte das florestas, dos corpos físicos, da esperança e da cultura.
Além de um aval estrutural para a entrada neste novo país, é também a minha única oportunidade de conseguir um espaço para continuar trabalhando e produzindo mesmo diante de tantos absurdos pelos quais tenho experimentado.
Poder compartilhar, esmiuçar e aprimorar minha pesquisa sem o medo de ser morto pelas mãos de quem governa o país que me gestou, para que nessa minha nova morada eu me presentifique com a sensação de ainda ter contribuído para a liberdade artística e pelos direitos humanos das pessoas vivendo HIV hoje no Brasil e no mundo, de ter voz e um suspiro de liberdade em resposta aos que me censuraram, incriminam, perseguiram e que lutam até hoje para que eu desapareça.
O QUE FICA DEPOIS DA CENSURA?
UM COMPILADO DE NOTÍCIAS SOBRE A CENSURA QUE CAIU NA REDE!
https://www.fim-musicians.org/wp-content/uploads/freemuse-report-2021.pdf
https://www.cadal.org/publicaciones/articulos/?id=13313
https://www.select.art.br/censura-no-centro-municipal-de-arte-helio-oiticica/
https://hornet.com/stories/pt-pt/soropositividade/
https://hornet.com/stories/pt-pt/orion-lalli/
https://vejario.abril.com.br/cidade/deputados-psl-censura-obra-arte/
https://brasiliarios.com/cultura/1305-artista-censurado-vai-depor-em-delegacia
https://catracalivre.com.br/cidadania/rio-censura-obra-por-vilipendio-da-fe-crista/
https://www.facebook.com/permalink.php?id=195963903782252&story_fbid=2978844692160812
https://www.casaum.org/19-perfis-para-acompanhar-e-saber-mais-sobre-hivaids/
https://ezatamentchy.com.br/perseguido/
https://www.mapadasartes.com.br/#!/article/polemica/1614
https://www.leiaja.com/cultura/2020/02/29/mostra-que-traz-virgem-maria-com-penis-e-suspensa-no-rio/
https://www.artequeacontece.com.br/censura-de-exposicao-no-rio-mobiliza-artistas/
https://www.icatolica.com/2020/03/prefeitura-do-rio-de-janeiro-suspende.html
https://www.infobae.com/america/opinion/2021/06/10/los-lideres-mojigatos-de-america-latina/
https://laicismo.org/brasil-autoridades-suspenden-exposicion-blasfema-contra-la-virgen-maria/215716
https://blogdacidadania.com.br/2020/02/prefeitura-suspende-exposicao-que-traz-virgem-maria-trans/
https://www.urbanstomp.org/united-nations
http://desacato.info/deputados-tentam-censurar-obra-que-retrata-virgem-maria-trans/